sábado, dezembro 22, 2007

Carlos Magno

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O Carlos Magno importante para mim nunca foi o descobridor ou navegador. O meu Carlos Magno não deve ter desbravado nenhum mar e você só acha ele pelo Google se adicionar um "CAP-UERJ" à procura.

Tive aula com ele no primeiro ano do colégio. Química. Causou uma péssima primeira impressão (vou evitar os trocadilhos óbvios, ok?). Chegava cheio das brincadeiras e dava uma ótima aula, mas na primeira prova...Deus. Toda a turma tirou notas absurdamente baixas. Baixas mesmo.

Eu era o representante de turma e comentei a situação em um Conselho de Classe. Uma professora de literatura - dessas que cumpria sua aula burocraticamente e não marca ninguém - nos tranquilizou dizendo que ele sabia que havia exagerado, mas que pegaria mais leve nos próximos anos.

Mais ou menos. Carlos Magno foi nosso professor naquele e no próximo ano. Não pegou leve, mas causou outras impressões. Conseguia tornar uma matéria difícil e chata em uma aula agradável e bem humorada. A turma toda ficou muito boa em química (exceto eu que nunca conseguia me dar bem nesse tipo de matéria) e passou a gostar muito de Carlos Magno. Era a primeira turma de primeiro ano que ele pegava em um colégio. Mas vieram muitas outras.

Se você chegou até aqui, já deve ter sacado que Carlos Magno morreu. Acabei de saber há poucos minutos que o enterro foi ontem. Ele teve um infarto (na minha época ele era bem acima do peso, não sei como estava agora) e não resistiu.

Depois de Carlos Magno completar seu ciclo conosco, fomos para o terceiro ano onde já havia dois professores que sempre cuidavam dos alunos que estavam saindo. Eles eram ótimos também, mas Carlos Magno era Carlos Magno.

Quando estava no segundo ano, Carlos Magno foi o único professor que tínhamos a fazer questão de comparecer ao 1/2 De Arte, evento que eu e outros integrantes da diretoria do Grêmio do CAP-UERJ organizávamos. Havia shows de bandas e mostras com desenhos e poesias. Como vocês sabem, eu escrevo poesias e já escrevia naquela época.

Carlos Magno fez vários comentários inclusive um bem humorado sobre as bandas: "banda punk não sabe tocar mesmo", disse o professor-punk (só por isso já era ídolo). Ele leu minhas poesias e elogiou, como qualquer professor normalmente faria.

Mas o que me marcou é que, mesmo depois de sair do CAP, na minha formatura e, em qualquer momento que me encontrasse, Carlos Magno, sempre que me encontrava dizia: "E aí, Tiago? Como é que estão as poesias? O cara aqui escreve bem pra burro". Carlos Magno não entendia muito de mapas, mas entendia muito bem de alunos. E de pessoas. Há poucos Carlos Magnos por aí, infelizmente.
Comments:
Nao acredito que o Carlos Magno morreu! Melhor professor que eu tive no Cap!!!! Me convenceu afazer ciencia e ca estou finalizando o doutorado.... Saudades das conversas com ele e das aulas maravilhosas!!
 
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