Senhora do Destino
Senhora do Destino
Longe de mim bancar o Xexéo, mas hoje quero comentar os milhares de erros da novela Senhora do Destino (ah, que saudades de Celebridades). Não sei se vocês sabem, mas só para começar a novela não se passa em 2004, mas uns dez anos antes. A razão foi simplesmente para que certos personagens não ficassem velhos demais, já que a novela se inicia em 1968, quando Maria do Carmo vem para o Rio de Janeiro e sua filha, Lindalva, é roubada.
O problema é a gratuidade desses elementos. O fato de a proclamação do AI-5 servir de pano de fundo, não adiciona absolutamente nada à trama. O clima interessante que Marilía Gabriela enfrentava como dona de seu jornal, opositor do regime militar, foi completamente deixado de lado, como se houvessem duas novelas. Daí fica a pergunta: houve alguma necessidade de se estabelecer esse tipo de começo?
A resposta é não. Mas, tudo bem, Agnaldo Silva e Wolf Maia assumiram o risco, simplesmente para falar rapidamente da ditadura de uma forma que já foi feita trocentas vezes antes com um foco muito melhor. A conseqüência era óbvia: tomar um cuidado extremo para não haver erros de continuidade.
O problema é que novelas não são filmes. Cenas importantíssimas costumam ser filmadas até no mesmo dia. Nesse tipo de trabalho com um compromisso muito maior com o tempo do que com a qualidade não é difícil perceber quanta cagada ia acontecer. Além dos erros que Xexéo já notou como o uso de celulares que não existiam na época e cédulas de uma moeda que viria a existir (quem sabe se a Globo não conseguisse o Michael J. Fox para uma ponta, tudo não fizesse mais sentido?), a coisa realmente pega. Já vi citações à internet (aliás, a Débora Fallabella passa o dia todo no computador, quanto será que é a conta de telefone dela, já que não existia banda larga?) e a falta de menção à coisas emblemáticas do início dos anos 90 compromete qualquer ambientação. Por quê diabos ninguém chama o Plínio (Dado Dolabella) de um New Kids On The Block e não há viva alma que xingue o Collor ou reclame da falta de produção de um cinema nacional.
O que fica provado com esses erros de roteiro e ambientação é que, quase todo o tempo, quando se lida com audiovisual você só faz o que fica claro. E eu só fico mais perdido com essa novela. Saudades do Gilberto Braga com Celebridade.