quinta-feira, abril 14, 2005

Entre a Lua Assassina e materiais de escritório

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Nunca falei aqui de Sociedade dos Poetas Mortos, talvez o filme mais importante da minha vida. Foi junto com as músicas da Legião Urbana e após ver esse filme que eu comecei a escrever minhas poesias, daí meus contos, daí meus roteiros e...O resto é filme.

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Escrito por Tom Schulman (que não escreveu mais nada que prestasse, mas mesmo assim levou o Oscar de melhor roteiro original) e dirigido por Peter Weir (O Show de Truman), o filme conta a relação de alunos de um colégio conservador com o novo professor de literatura John Keating (Robin Willians, indicado ao Oscar de melhor ator) que tenta fazer os alunos pensarem por si mesmos e lhes fala a respeito da Sociedade dos Poetas Mortos.

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Lendo o primeiro parágrafo, você não deve confundir "filme mais importante" com "o melhor que já vi". São coisas totalmente díspares. Anos atrás, quando ainda cursava Letras na UERJ, meu professor de teoria da literatura Gustavo Bernardes, abordou o filme e fez uma análise que me pareceu coerente, mas que até hoje não quero pensar muito. Na verdade, eu não revejo Sociedade há uns dez anos, porquê hoje entendo muito mais de cinema do que entendia quando o vi pela primeira vez e não quero perceber que se trata de um filme piegas, ruim ou algo assim. Prefiro guardá-lo como o filme que me tocou, que falou algo no meu coração e fez surgir aquela inquietação, ou melhor, mostrou àquela inquietação como sossegar, nem que fosse momentaneamente.

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Essa semana, eu estava andando na rua com o diskman do meu irmão ( e eu lá tenho grana pra comprar essas paradas de playboy?) e começou a tocar killing Moon do Echo and The Bunnymen. Comecei a refletir sobre a música e como ela se aplicava à minha vida. Daí, fui pra interpretar a música historicamente e de como o rock punk inglês foi influenciado pelo romantismo de poetas como Lord Byron e...Resumindo: cheguei no filme e me veio à mente, uma cena específica.

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Neil Perry (Robert Sean Leonard) é um aluno que começa a descobrir o gosto pelas artes dramáticas. Infelizmente, seu pai já planejou toda sua vida profissional. Em uma parte do filme ele está pesaroso olhando o vazio quando seu colega Knox Overstreet(Josh Charles), o encontra. Perry lhe comunica que aquele dia é o seu aniversário e que seus pais lhe deram o mesmo presente do último ano: um kit de escritório. Nwanda lhe avisa que o kit "quer voar" e Perry, satisfeito com a sugestão? arremessa o kit da sacada onde se encontra.

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Toda a cena é construída através de uma metáfora: o kit de escritório, que representa o futuro que os pais de Perry querem para ele e a vida que ele deve levar se deseja agradá-los mesmo ao custo de sua felicidade. Quando Nwanda (que representa todo o universo fascinante da poesia e das artes) lhe oferece essa decisão, é um ponto de virada para Perry: ele estará disposto a seguir outro caminho, custe o que custar.

Já percebeu que em sua última cena, entre outras coisas, ele está diante de uma janela e olhando para o vazio?