Beleza Americana
Beleza Americana
Sabe aquela cena de Beleza Americana em que a esposa do Kevin Spacey chega numa casa velha, estufa o peito e diz cheia de si que vai dar um jeito de vender aquela casa e depois...Se ferra, porquê ninguém quer comprar aquilo? Pois é...Ando me sentindo assim.
Não, não quero parecer tão deprê quanto a frase acima pode dar a impressão. Mas, é que o trabalho de assessoria tem muito a ver com essa cena. A gente estufa o peito, limpa, maquia textos e começa a negociá-los com jornalistas na esperança que algo seja publicado. Nâo é a toa que a foto da comunidade Jornalistas e Assessores do Orkut seja exatamente uma foto de pessoas brigando entre si. Daí, tiram-se duas conclusões:
- É exatamente como muitas vezes as coisas são. Se por um lado as duas profissões às vezes se complementam e coexistem em harmonia e felicidade, em muitas outras ocasiões um lado odeia o outro. É o assessor "P" da vida porquê o jornalista não quis publicar aquele release tão bonitinho, do cliente que paga tão bem. Já o jornalista não atura mais aquele "pelasaco que fica o dia todo enchendo o saco para empurrar a pauta". Na verdade, o grande problema mesmo reside no fato de que nem sempre o jornalista é razoável (tem muitos, muitos mesmo que acham que estão em um patamar superior aos dos assessores. Fala sério! Todo mundo é trabalhador...) e tem muitos assessores que têm clientes que não dão boas pautas, mas que pagam em dia.
- Jornalista e assessor? Pois é...Muita gente não compartilha dessa opinião, mas eu acredito que apesar de assessoria ser um trabalho feito por jornalistas, não é jornalismo. Jornalismo envolve a busca pela objetividade, imparcialidade e zelo com o público leitor. Assessoria envolve pôr o cliente na mídia. E ponto final. Não somos jornalistas (Ok, eu sou formado em jornalismo, mas não exerço meu papel de jornalista trabalhando como assessor), mas talvez, os primos (nem tão) distantes dos publicitários. Que têm objetivos bem mais parecidos com os nossos.
E pra terminar falando do filme: se não me engano Beleza Americana é o nome de uma rosa que nasce nos EUA e que se caracteriza por não ter cheiro algum. Provavel alusão à catarse do personagem principal (vivido por Kevin Spacey). O pai vive uma vida completamente sem graça ou melhor, sem gosto. A partir do momento que vê a amiga de sua filha, acorda para o mundo que estava perdendo. Da mesma forma, todos os outros personagem seriam afetados pela sua morte (ou ao menos é o que eu imaginei): a esposa percebe que perdeu o homem que amava, a filha perdeu seu pai, a amiga perde o homem que a realmente respeitou e o assassino...Bom o assassino não chega à catarse alguma. Porquê ama tão pouco a si mesmo que é incapaz de assumir sua condição sexual. Enfim, todos vivemos nossas catarses em algum momento de nossas vidas.
O problema é sabermos quando é esse momento. Mesmo porquê, em Beleza Americana Spacey pensa ter vivido uma catarse ao ver a amiga de sua filha, mas depois percebe que só teve sua catarse quando morreu. Afinal de contas, a catarse definitiva é perceber o sentido da vida que só é claro mesmo quando morremos. A triste sina do ser humano é só dar valor ao que perde. Life goes on...Without you...
E pensar que eu tive a idéia de escrever isso aqui, porquê uma jornalista desligou na minha cara enquanto tentava falar de um evento do qual sou assessor. Uau...