sexta-feira, dezembro 08, 2006

O insípido veneno de Bruna Surfistinha

(*) Publicado originalmente no Sobrecarga

No início do ano, publiquei uma resenha do livro O Doce Veneno do Escorpião na qual elogiei o livro de Rachel Pacheco ou Bruna Surfistinha. Algum tempo depois, a ex-garota de programa resolve lançar um livro explicando assuntos anteriores e algumas histórias que não foram publicadas no primeiro livro.

Se no primeiro livro, a surpresa ficava por conta do lado franco de Rachel/Bruna, neste a novidade seria o desabafo em relação ao que a fama lhe trouxe. Seja na exploração que a Rede TV! cobriu sua história (segundo a blogueira promovendo Samantha Moraes, ex-mulher de seu namorado, de forma supostamente parcial e apelativa) ou em novos casos, Tudo Que Aprendi Com Bruna Surfistinha é muito mais um inusitado diário do que um bom livro. A publicação interessa apenas a leitores que gostem de histórias de celebridades. No caso, a celebridade Rachel Pacheco/ Bruna Surfistinha.

"Esse vai ser apenas um relato do que o mundo e a vida me ensinaram até este momento. Nesta curta, mas intensa trajetória, muita gente fez questão de não me enxergar. Na verdade, se O Doce Veneno; retratava uma ex-garota de programa sem cair na armadilha de sentir-se culpada ou culpar o mundo, Tudo Que Aprendi é exatamente o contrário. A autora (ou relatora, já que o depoimento foi dado ao jornalista Jorge Tarquini) passa a explicar, exageradamente, seu lado em situações que não deveriam figurar além de uma revista de fofocas ou da biografia de uma grande estrela de cinema.

O ponto é exatamente que nem Bruna Surfistinha e tampouco Rachel Pacheco são grandes estrelas. Suas vidas são tão interessantes como a de qualquer outra ex-prostituta, o que tornava atraente era justamente a forma como eram contadas.

No primeiro livro, não importava a opinião alheia ou pré-conceitos. No segundo, a insistência em explicar e reescrever casos antigos torna a história banal. O livro de uma ex-garota de programa não precisa ser uma coletânea de histórias sexuais (O Doce Veneno; não era), mas precisa segurar o leitor. Cartas familiares, textos do Google e de outros fóruns (ainda que relevantes) e explicações sobre o que fulana e ciclana dizem soam como qualquer Contigo da semana.

A diferença é que nesse tipo de revista você encontra uma novidade toda semana (e é nesse "barulho"; que elas apostam para deixar você sempre interessado), na literatura é preciso mais profundidade e variedade. Talvez Bruna/ Rachel devessem ter deixado a carreira de escritora de lado. “Tudo Que Aprendi” não vale um livro e nem seu preço. Colunas ou entrevistas em uma revista de fofocas teriam mais valor. Ou melhor seria se toda história fosse contada em um blog. Seria gratuito. E talvez mais rápido.

(*)O texto foi redigido por este blogueiro.