O Legado das Estrelas
O Legado das Estrelas
Para muitos o maior problema das revisões são aquele gostinho de déja vu. Claro que por seu próprio princípio elas já se assumem como algo repetitivo, mas para mim problema de revisão mesmo é quando ela não conta absolutamente nada melhor do que o original. Qual o objetivo de recontar uma história se você não acrescenta nada novo e ainda estraga a história?
O Legado das Estrelas não é tão ruim quanto pode parecer no parágrafo acima, mas está longe de ser a saga brilhante que se alardeia. Mark Waid ainda é um bom roteirista, mas muito longe de ser o artista genial de Reino do Amanhã. A saga se propõe a recontar a origem do homem de aço nos dias atuais. Balela. Pura desculpa, para aproximar o homem de aço dos quadrinhos ainda mais com a série de TV Smallville (quantas teses abordando a influência do meio audiovisual nos quadrinhos foram feitas até esse momento?) e ganhar alguns trocados a mais. A mini-série está muito abaixo do que John Byrne fez com o homem de aço no período pós-Crise das Infinitas Terras. (saga que reformulou o universo DC, décadas atrás), aparando as arestas e acertando definitivamente a concepção do personagem para as décadas de 80 e 90. Aparentemente, a DC não se cansa de tentar estragar o trabalho do velho Byrne (vide loucuras como a criação de um Kripton paralelo com direito a um novo Jor-El; o retorno de Kripto, o supercão e da Supermoça original, aquela que os leitores mais antigos acreditavam ter morrido, décadas atrás).
Resumidamente: Clark Kent descobre em sua viagem pelo mundo que não deve mais esconder quem é. Indo para Metrópolis, o homem de aço assume a identidade de Super-Homem e revê seu velho amigo Lex Luthor (hummm...Já ouvi isso antes) e constata que ele está bem mudado. O último filho de Kripton deverá enfrentar seu ex-amigo e suportar as terríveis revelações que terá sobre seu passado.
Nada em Legado das Estrelas parecerá novo para um leitor com mais de onze anos e que assista televisão. Dizer que a saga se serve de referências para enriquecer seu conteúdo é um eufemismo. Contudo, a competência de Waid torna o roteiro uma boa diversão, se você conseguir esquecer o preço da revista. A DC Comics poderia se preocupar em criar algo menos banal para seu personagem mais importante. A ?nova velha? origem de Kal-El não diz a que veio e a sensação é de que foi tudo apenas um teste para conferir como os leitores encarariam uma nova versão do personagem totalmente conectada à série da TV (que, aliás, traz coisas muitos semelhantes ao período pré-crise do Homem de aço). Legado vale a penas apenas para os grandes fãs do personagem e para quem não conhece a fundo a origem do personagem (algo quase impossível se considerarmos o lançamento dos DVDs com os filmes estrelados por Christopher Reeve, as séries de TV, os desenhos animados e etc.).
Enfim, coisa nova com cheiro de verniz. Sorte que não comprei, pedi emprestado.
(*) Publicado originalmente no Sobrecarga.