quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Quando os maus viram bonzinhos

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Anos atrás com o sucesso de Authority, uma história do Super-Homem buscava reafirmar a importância de ícones como o Homem de Aço. Na história, o último filho de Kripton enfrentava o poderoso grupo Elite, que não se importava em destruir uma cidade para salvar um país. Ou matar um presidente, atravessando todas as leis internacionais, para salvar um povo. Na verdade, a Elite vem responder aquela pergunta que certos fãs (nada pessoal, mas acho este tipo de fã um porre) fazem: “ah, porquê eles não impedem isso ou aquilo se são tão poderosos?”

Na verdade, a pergunta não faz muito sentido. Super-Homem e demais ícones do gênero não interferem tão abruptamente no mundo porquê não se consideram responsáveis por isto e, principalmente, não poderiam saber quando estaria o limite entre a salvação e a imposição. No fim das contas, os personagens da Elite representam uma tendência fascista de que os fins justificam os meios e danem-se as conseqüências. Só que com superpoderes que os tornam deuses.

Este mês a Panini publicou LJElite 1. A idéia é que depois de uma ação dos remanescentes do grupo original e a Liga da Justiça alguns membros da Liga e os membros da Elite se unem para formar um grupo que levaria justiça de maneira discreta e eficiente. Indo onde a Liga não poderia ir. Ao mesmo tempo, remanescentes da Elite não estariam mais abusando de seus poderes colocando a vida de inocentes sob risco ou sequer matando inocentes. Enfim uma das idéias mais imbecis que já vi nos quadrinhos. Tão ruim quanto ressuscitar Elektra.

A verdade é que o bacana da Elite era o extremismo que eles representavam. Ver o supergrupo agindo segundo regras torna eles tão originais quanto um adolescente com poderes odiado pela humanidade que jurou proteger ou um membro do Quarteto Fantástico se retirando do grupo. Citando novamente o exemplo de Elektra: Frank Miller sempre afirmou que a ninja deveria permanecer morta. E é isso mesmo! A coisa mais legal da personagem era que ela estava morta e o que isso representava na vida de Mathew Murdock. Daí ressuscitam ela e a tornam uma personagem como tantas outras que têm por aí.

Qual a razão que uma editora tem para jogar no lixo uma idéia tão boa que ela mesma gerou? A resposta é simples: visão míope de lucro. Sem dúvida alguma, um monte de fãs (os mesmos que fazem a pergunta do primeiro parágrafo) vão comprar as primeiras edições e depois de algum tempo a revista não vai conseguir se sustentar e a idéia original estará inutilizada. Aliás, vale lembrar: até hoje Elektra ainda não conseguiu se firmar no mundo dos quadrinhos. Será que a Elite, deixando de ser os anti-heróis que eram, conseguirá?

(*) Publicado originalmente no Sobrecarga.