sexta-feira, outubro 08, 2004

Minha vida

Há algum tempo a professora Karina Kushnir da disciplina Metodologia da pesquisa recebeu seus alunos (dentre eles, eu) com um quadro-negro com a seguinte ordem: "escrevam uma redação com o tema "minha vida" da forma como desejarem. Já faz alguns meses que escrevi, mas mesmo assim ainda está valendo o que escrevi. Vamos lá:


Minha vida, claro


A minha vida é meio assim: eu ainda não sei. Na verdade, acho que nunca vou saber.

Quando tinha seis anos eu queria ser cientista, só que odiava matemática. Português era mais fácil, bom depois de ter aprendido a ler, claro. Então pensei em ser desenhista, não sabia desenhar, mas com seis anos ninguém se preocupa com detalhes. Foi nessa época que me apaixonei pela primeira vez e escrevi meu primeiro texto: uma carta. Acho que Lívia não gostou, porquê nunca me deu bola. Pelo menos dela consegui meu primeiro texto, minha primeira (felizmente a única) letra de música e meu primeiro beijo. Com uma amiga de Lívia, claro.

Lá pelos onze eu já havia desistido de escolher o que ia ser, mas estava certo que seria algo sem matemática, claro. Algumas mudanças, amores e repetências depois percebi que minha lista negra se estendia a química, física e biologia. O sonho de ser desenhista morreu, mas eu conservava o hábito que o originou: ler quadrinhos.

Com dezenove anos, me apaixonei pela sexta, sétima (ou seria oitava?) vez. O romance durou um mês, pelo menos, mais longe do que meu affair com Lívia. Nessa época, tudo indicava que meu destino era ser jornalista mesmo. Eu escrevia razoavelmente bem, gostava de ler e, o mais importante, detestava matemática (ainda não fazia idéia do que era editoria de economia). Na ocasião, participei do grêmio do colégio, o que significava passeatas, brigas e chamar todo mundo de "companheiro", claro.

Lá pelos idos de 2001 entrei na Universidade. Bom, na verdade em três universidades, já que não estava mais tão convicto de ser jornalista. História parecia ótimo, mas Niterói era tão longe. Letras era bem interessante quando tratava de literatura, mas quase (ênfase no "quase") me dava saudades de matemática quando lidava com português, latim e grego. Assim, jornalismo me pareceu a única saída ou entrada para minha vida profissional. Opção que viria a questionar tempos depois (ou você ainda não tinha sacado isso?).

Esse ano entre tantas indecisões, dissabores e amores, o cinema surgiu como uma opção mais atraente: tem imagem e não preciso desenhar, posso escrever um roteiro sem me preocupar com lides e toques e tem pouca ou nenhuma matemática (o que talvez seja o mais importante). Enfim, não estou certo quanto a isso, mas já estou me acostumando. Incerteza, ou melhor, mudanças são as únicas coisas certas na vida. O importante é seguir em frente fazendo o que me fizer mais feliz, claro.

PS: Não, não faço a menor idéia de onde a Lívia está agora.