Romário
Romário
A aposentadoria de Romário não significa, simplesmente, a retirada de um grande jogador. É o fim de uma era que ficou esquecida para os torcedores mais jovens: a época em que a seleção brasileira ainda tinha muito que provar.
Após os fracassos da geração Zico (uma das com mais jogadores fenomenais, mas que não conseguiu valer em campo sua superioridade técnica), ocorridos em um momento em que a preparação física começava a tomar o lugar da habilidade, o Brasil esquecera o que era ser campeão do mundo. Para completar o fracasso da Copa de 90, quando o escrete canarinho se despediu após cair diante da campeã mundial Argentina, fez com que o complexo de vira-lata se instaurasse de vez.
Mas quis o destino que um baixinho meio esquecido e que não tinha a menor intenção de ser um bom menino, salvasse o futebol. Convocado às pressas, em um momento crítico, Romário fez valer aquela que seria sua maior vocação: se sobressair nos momentos mais difíceis. Ah e, é claro, fazer gols também.
Em 1994 Romário não foi o único. Sem a marcação de Dunga, a entrada de Leonardo e, depois, de Branco, a estrela de Taffarel e tantos outros, dificilmente seríamos campeões. Mas, Romário era Romário. Com todo aquele jeito de "Eu faço e falo", o peixe foi lá e fez. Artilheiro do Brasil e jogador mais importante, calou a boca de cada um que não gostava de sua presença na seleção.
Só que o tempo é traiçoeiro. E quis ele que o baixinho envelhecesse, perdesse a explosão e o faro de gols. Não se enganem: ainda há muito daquele Romário de 94, mas não todo. E é por isso que Romário deve parar. E se ele vai ficar triste com isso, que saiba que não será o único. Hoje, com a seleção brasileira imbatível e colecionando títulos, dá aquela sensação de que a CBF poderia ser um pouco mais justa com um jogador que tanto ajudou o Brasil chegar ao Pentacampeonato. Mas o tempo é o senhor da razão, assim como Romário sempre será o senhor da pequena área.