domingo, dezembro 12, 2004

Mistérios



Até hoje a trilogia Matrix propõe alguma discussão. Uma lista de e-mails que entrei logo após o segundo filme ainda funciona, embora precariamente.

O maior abismo entre aqueles que defendem e atacam a trilogia, está no excesso de confusão. Eu gostei, mas sou da opinião que os personagens mal-caracterizados e gratuitos, excesso de efeitos especiais e os buracos de roteiros tornam os dois últimos filmes (especialmente o segundo, praticamente um trailer de luxo para Revolutions) muito inferiores ao primeiro. O ponto de partida das idéias dos irmãos Wachowski, era uma história simples e fechada, mas que ao mesmo tempo, suscitava reflexões que passavam em branco por espectadores mais desatentos (aliás, quanto mais atento, mais discussões). Certa professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio baseia suas aulas semestrais, até hoje, no primeiro filme (e, se bobear, nos outros dois também).



Para mim, depois do meu primeiro curta, essa polêmica me faz pensar outra questão. Até que ponto, deixar as coisas em aberto, é bom para o artista ou criador?



Ao terminar de ver meu curta, Walter Lima Jr. (diretor de cinema e professor da disciplina Linguagem Cinematográfica para qual foi feito o curta), comentou que deixar em aberto, faz o filme descambar não apenas para que o espectador entende, mas também para o que ele deixa de entender.

Então essa coisa de que há em Matrix e em tantos outros filmes, de deixar a história com significados e interpretações ao sabor do espectador, torna-se pra lá de perigosa. Na verdade, eu percebo agora que é muito mais perigoso do que pensava. Para usá-la tem que se ter muito domínio da linguagem. coisa que não tenho (ainda). Essa coisa de deixar elementos embaçados e em mistérios que nem o artista entende, é também uma forma de definir o enredo de uma forma mais fácil para o roteirista e/ou diretor: não definindo.

Vivendo e aprendendo.