quinta-feira, setembro 02, 2004

Diário de um enfermo

Diário de um enfermo - Parte 1


Me internei pelas 7h, no quarto 316. Um outro paciente já havia chegado antes de mim (o hospital abria às 7h e ele era funcionário de lá, não é difícil entender). Só subi para a sala de operações às 9h 30m. Meu irmão estava comigo e disse que nessa hora sentiu medo. Eu não. Quando me deixaram na sala de espera (ok, tb não entendi, mas era uma sala onde ficava aguardando até ser operado). Uma hora depois (pra quê mandaram eu chegar às 7h se a operação foi praticamente na hora do almoço?) a minha médica (dos males o menor, a dra. é bem bonitinha) pegou minha maca e levou até a sala de cirurgia. "Ah, agora você sentiu medo, né?" Não, nem senti. Fiquei um pouco tenso, porquê enquanto alguns médicos colocavam aparelhos em mim outros conversavam e soltavam piadas. Não dá para dizer que achei isso errado, porquê ajudava a desanuviar o ambiente. Mas, era meio estranho. A anestesista pediu para eu respirar bem fundo para receber a anestesia. Essa é a parte engraçada, fui respirando e me sentindo tonto aos poucos, só que apaguei muito rápido. Me lembro de estar me sentindo um pouco tonto e, de repente, tudo apagou. Acho que só quem já passou por uma anestesia geral entende.



Bom, nesse tempo todo você deve estar se perguntando se não senti medo nem um minuto só. Juro que até aqui não. Só vim sentir medo quando acordei na sala de observação. Costumo sempre traçar na minha mente um roteiro de como determinadas situações ocorrerão. Na minha cabeça ainda não havia sacado que não acordaria junto aos médicos que haviam me operado e nem tampouco no quarto em que fui internado. Aí sim senti medo e quis logo saber onde estava, mas passou. Por volta das 16h fui liberado.



Cheguei em casa quase 18h, liguei para o estágio para saber se haviam recebido um texto que enviara na meia noite anterior. Logo depois, comi a minha primeira refeição em quase 20h (tive que manter jejum desde as 22h 30m e como operei tarde, não peguei o almoço do hospital e saí antes do lanche) e então fui me preparar para dormir e de barriga para cima (mal consigo dormir de lado por causa de um problema de coluna, imagina só desse jeito) e ainda tive que acordar às 1h 40m para tomar o antibiótico.



Hoje o dia não foi dos mais agradáveis. A anestesia geral ainda parece surtir efeito ou então o fato de que só posso respirar pela boca (uso um tampão no nariz para os pontos fecharem) está me deixando tonto e fraco. De vez em quando sinto dor de cabeça (as vezes é fome, que eu nem percebo chegando). Logo de manhã espirrei e não o fiz pela boca, o que fez o tampão sair um pouco do nariz, felizmente não é nada demais. Só precisei tomar mais cuidado. Agora há pouco espirrei de novo, mas aliviei a pressão pela boca, então sem problemas.



Fiquei todo o dia assistindo filmes (valeu, Ivan!) Psicopata Americano (legalzinho, mas podia ser melhor e achei o Christian Bale nada demais), Alta Fidelidade (tenho problemas com essas comédias com jeito de egotrip ou auto-ajuda, mas esse aqui até que é bom, só podia ser mais curto) e O Nome da Rosa (difícil adaptar literatura para cinema, é bom, mas dá aquela impressão clara de que o roteiro é muito melhor do que o resto, o que é verdade). Chato não poder deitar do jeito que você quer ou ter que ficar se preocupando em ficar colocando gelo no nariz para ajudar a desinchar. De qualquer jeito, o dia hoje até que passou relativamente rápido. Amanhã, tiro os pontos do nariz e acho que a partir daí já vou me sentir melhor. Certamente não será uma experiência agradável.



Agora? Minha cabeça dói um pouco, uso um curativo que mais parece um bigode de 10cm de altura e me sinto bem tonto. Enfim, cirurgia é uma experiência que dificilmente eu não passaria, mas com certeza não sinto vontade de passar de novo.



Amanhã tento postar mais notícias minhas.

PS: esse blog já teve mais comentários. Parece que só o Anônimo Veneziano vem aqui, só que o contador diz o contrário. Então comentem oras!