domingo, fevereiro 06, 2005

Fuga em comum



Não sou fã do cinema político. Na verdade, acho que é um estilo muito difícil de se julgar e fazer. Muitas vezes, apesar do tema ser pertinente, a história é contada com má qualidade. De qualquer forma, o gênero surge especialmente em momentos de crise ou instabilidade no país ou no mundo, mas mesmo isso não é uma constante. Um exemplo disso é a Argentina e dois belíssimos filmes que nossos hermanos produziram: O Abraço Partido e Valentim.



Tanto em um quanto no outro, os personagens vivem e sofrem as conseqüências da fuga. No caso de Valentim a fuga de seu pai, a fuga de sua mãe e a forma como todos evitam revelar a verdade para ele. Dessa forma, o menino (eu tenho problemas em pensar nesse filme, sempre tenho vontade de chorar) é o único que não foge, mas corre na direção contrária: sempre em busca de sua felicidade.



Já em O Abraço Partido, a forma como o filho foge da namorada, foge de seu pai, foge de seu país...É providencial para entendê-lo. Na verdade, repete a fuga de seu pai, quando lhe abandonou e repetirá, até descobrir as razões dessa fuga.


Eu fico só pensando...Em um país que atravessa uma crise tão severa, como é impressionante que, ao invés de olhar diretamente para a crise, os diretores consigam falar sobre essa vontade de fugir dos problemas e no que isso dá.


Ah sim...Postei isso aqui, só pra dizer que estou adorando o atual cinema argentino!



sexta-feira, fevereiro 04, 2005