quarta-feira, julho 22, 2009

Todos os momentos do mundo


Eu não sou um cara tão família quanto gostaria. Não que não quisesse. Somente a família do meu pai vivia no Rio de Janeiro e nunca fui muito chegado a eles. A família de minha mãe mora quase toda de Fortaleza, minha querida Fortal, que não posso visitar desde 1996 por razões que variaram ao longo dos anos. Por isso, fazia treze anos que não via minha avó pessoalmente.
É difícil falar a respeito da minha vó que me fez chorar mais em um dia do que chorei nos últimos anos. Ela faz parte de uma parte da minha infância mais feliz onde ia para uma cidade em que me sentia melhor do que a minha, convivia com uma parte da minha família que me amava - e ama - muito e onde me sentia tão bem que cheguei a pedir pra ir morar lá aos 13 anos.
Antes de você se tornar idoso, vive uma fase onde periodicamente vai perdendo pessoas. Seja porque conhece mais, seja porque elas envelhecem. Tenho me sentido assim. Não é agradável. O meu consolo é saber que a mãezinha está em paz agora. Não é muito, mas é o que eu tenho. E isso, de certa forma, me conforta nesse momento. E nos que virão.


PS: A razão da foto é simplesmente porque a Laura Cardoso sempre me lembrou dona Anunciada fisicamente.

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quarta-feira, julho 01, 2009

Eu & Michael




Michael Jackson foi o primeiro ídolo que tive na vida. Muito antes de entender a importância de Alan Moore para minha formação cultural, de gostar de Legião Urbana ou de me tornar fã de Freddie Mercury era como o ex-Jackson Five que eu queria parecer. Ou, ao menos, cantar e, principalmente, dançar.

Na realidade, sempre tive problemas com a dança posto que sou uma tábua de passar. Michael era o contrário. Quase uma divindade representativa da street-pop-seilábemoq-dance em seu ápice. Dizem que os adultos de hoje foram os últimos que tiveram uma infância realmente feliz. Um exagero que se justifica se a gente lembrar que Michael era o cara e que toda criança no fim dos anos 80 queria ser como ele. Como aquela criança.

Nunca acreditei nas acusações de pedofilia. Independente dos achismos, Michael era parte de minha infância e de um processo de autoconhecimento do que é admiração que comecei a ter com sete anos. Hoje, adulto e mais distante daquela época, percebo que ele também era uma infância, uma pureza que me faz acreditar ainda mais em sua inocência. Um cara que cantou Ben não cometeria o mais impuro dos crimes.

Ainda não deu pra desengatar o choro, desencucar da lástima e, principalmente, acreditar em sua partida. Apesar de tudo, tento pensar que o menino de Indiana está livre e se isso não resolve a minha tristeza, ao menos me conforta. Eu não vi Elvis, não vi Pelé e mal vi Zico. Mas eu vi Michael Jackson. E, acredite, foi extraordinário.

Obrigado, Michael.

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