sábado, março 29, 2008

Água mole em pedra dura

tanto bateu que até cafura


Cafu tentou ser jogador do São Paulo três vezes. Foi reprovado nas duas primeiras, mas prevaleceu na terceira. No Palmeiras, houve o exagero de pedir que ele fosse titular na seleção no lugar de Jorginho. Ele viu o Brasil ser campeão mundial em 94 do banco, mas a partir de 96 tornou-se titular absoluto e capitão do time de 2002.

A insistência sobre nossos objetivos costuma ser uma virtude entre os valores que uma conquista possui. E já é ponto comum que uma vitória vale inversamente o quanto se perdeu para alcançá-la. Sinceramente, competições sobre quem tem menos cabelo me interessam pouco porque eu não me esforço muito para perdê-los. A natureza me faz esse favor. Sono.

De qualquer jeito, a determinação precisa ser direcionada. O que gera grandes vitórias é talento sobre coragem e determinação sobre brilho. A insistência de Cafu em bater recordes desimportantes o levou a uma copa em que ele apenas cumpria espaço e não compensou a última lembrança que deixou. Nem todas as pedras duras precisam ser furadas. Você pode simplesmente carregar algumas com você.

domingo, março 09, 2008

Verdades

Você confia em mim?


Durante quatro anos de faculdade de jornalismo e quase o mesmo período de mercado você aprende, na marra, que jornalismo é a arte de sujar os sapatos e, de forma objetiva, reconstruir os fatos para o leitor. A frase toda é um eufemismo bonito para dizermos que explicamos o que concluímos e que essa explicação, por ser humana, é falha.

Cada um tem as suas próprias verdades e o jornalismo também tem as suas. Uma matéria sobre Ayrton Senna que ignore a subjetividade da morte do ídolo não é tão objetiva quanto o princípio jornalístico diz. Mas isso são detalhes.

O todo é que temos as nossas verdades. Assumimos elas e por elas caminhamos para a nossa percepção do que é a realidade e do que o mundo é feito. As nossas verdades nos moldam e - o mais importante - nos conduzem.

O problema é que nossas verdades não são absolutas ou perfeitas, mas humanas. Logo, falhas. Às vezes, é preciso crescer e abandoná-las. O que não é fácil. Não é mesmo.

Mas, acima de tudo, tenham sempre em mente que nossas verdades não são absolutas. Nós podemos nos moldar e podemos também nos conduzir pelas nossas jornadas. Talvez isso seja mais difícil e dê uma certa dó deixar a sua verdade assim, ao relento e fria. Mas ela ficará bem. E você tem que se preocupar mais com você mesmo.

Como diz o Marcelo BBB8: "Você confia em mim?"

Meus filmes sobre futebol

gooool


É meio paradoxal, mas o País do Futebol nunca produziu um filme memorável sobre o jogo. Aliás, não me lembro de muitos filmes realmente memoráveis com jogadores como protagonistas, exceto os que produzi.

Digo, os que sempre imagino como faria. Em primeiro lugar, meu documentário sobre Romário. Intercalaria cenas de gols, frases polêmicas - agora todos estão felizes: o rei, o príncipe e o bobo - e entrevista com amigos, ex-companheiros etc. Não falaria com o Romário para o documentário. O futebol que ele jogou falaria por ele.

O cartaz do filme teria Romário, com a camisa da seleção brasileira, comemorando um de seus gols com as mãos para cima. Cortado em seu peito, a frase: - quando eu nasci papai do céu olhou e disse "esse é o cara!" e o título provocativo do filme: Romário é rei. Eu teria problemas com a justiça, mas quem liga para direito de imagem?

Minha outra abordagem sobre futebol seria sobre a seleção de 58. Foi a primeira, a menos vista e a mais distante de todas do escrete canarinho. Algumas cenas me parecem épicas como Didi após o primeiro gol da Suécia com a bola na mão chamando o time para não se intimidar e reagir. O longa seria assim, com um quê de 300 de Esparta.

Eu começaria a película com a derrota do Brasil para o Uruguai em 1950, com Pelé consolando o pai que chorava e afirmando: "pai, eu vou ganhar uma Copa do Mundo para você". Corta. Oito anos depois, o mítico time do Botafogo e ele, Mestre Didi. Daí para frente, ele seria o personagem principal. No final, uma cena engraçadinha do autor do chute da folha seca confuso com algum comentário de Pelé para o pai. Na seqüência, a câmera sobe e vemos o estádio. Didi olha para cima e vê o sol. Ele sorri.

Ou algo assim. Aí, subiriam os créditos.

domingo, março 02, 2008

Vou de táxi

Angélica Ways


Saí da PUC 22h45 na quinta passada. O problema é que o último ônibus para minha casa sai do Méier às 22h30. Quando estava chegando na rua, vi o 476 passando e pintou aquela dúvida: o último que saiu mais cedo ou o penúltimo que saiu mais tarde? E aí, eu fui vendo o ônibus sair enquanto o sinal não fechava.

Fechou. Eu dei um pique como não dou há muito tempo para pegar o ônibus parado em um sinal. Estava a uns 50 metros de distância. Corri, corri, corri e...O sinal abriu. Merda. Cacete. Corri pra caralho e nada. Enquanto isso, Madonna nem respira e continua cantando no meu ouvido. Eu também vou remember disso, Madonna...

De repente, não mais que de repente, um táxi pára do meu lado e diz algo. Tiro o fone e digo que não quero pegar, mas o motorista replica: "tu não vai pagar não. Chega aí, tu deu uma corrida maneira!" eu entro, agradeço ao motorista que corre, mais ou menos, um quilômetro até chegar na frente do ônibus. Estou salvo. "Obrigado, irmão".

Este post é dedicado ao taxista desconhecido. Você sabe.