terça-feira, janeiro 30, 2007

Arquétipos de Lost

A aclamada série Lost possui entre seus personagens - como é de praxe em qualquer dramaturgia - personagens que correspondem a arquétipos básicos da arte de contar histórias. Entre Freud e Campbell, os personagens se dividem em tipos pra lá de manjados dos aficcionados por ficção científica.

Segue abaixo uma exemplificação de alguns e foi escrito com base na primeira temporada (a única que eu assisti até agora). Alguns são sérios, outros não. Opinar sobre isso dirá mais a seu respeito do que aos personagens. Afinal, é um post sobre Lost. Tem que perturbar:

Jack: o bom doutor corresponde não ao Super-Homem, mas sim algo mais Batman. Jack é aquele cara que encontra formas possíveis de realizar o impossível enquanto conquista todas as mulheres da ilha. O cara é tão bom que consegue o milagre da multiplicação dos remédios e ainda por cima quebra um galho como El Hombre do pedaço.

Sawyer: o pária. Ele é aquele sujeito com jeito de mau, que começou a beber quando você sequer sabia o significado de "marvada". Sawyer é o clássico personagem feito para odiar, mas que todas as mulheres amam? Porquê? Ora, Nelson Rodrigues já explicou isso muito melhor do que eu. Se um filme de Lost fosse filmado nos anos 80, muito provavelmente o personagem seria interpretado por Bruce Willis.

Charlie: Ah, esse é fácil. Charlie é você. Ou seja, é aquele personagem com que o público se identifica. Enquanto o certinho Jack diz que não se pode matar Ethan, o durão Sawyer gostaria de matar pra resolver o assunto, nosso grande Charlie vai lá e detona o misterioso cara-fortão-que-queria-pegar-a-moça-grávida com uns quatro tiros. Sem dó. O público que estava com medo do ser sinistro se aliviou.

Hurley: Quase que nem Charlie, mas Hugo Reyes é, na verdade, o alívio cômico da trama. É o cara que diz que está com diarréia enquanto todo mundo teme que Os Outros caiam de pau.

Sayid: O árabe é uma espécie de Asa Noturna da série. Ou seja, se não fosse Jack, ele seria o Batman. O cara sabe brigar, conserta aparelhos eletrônicos de forma só superada pelo MacGyver, sabe usar armas de fogo e ainda por cima conquista a patricinha da série. Se fosse americano, seria o Capitão América.

John Locke: O Wolverine da história. Locke é aquele cara esquisitão, que se importa com todos, mas que prefere que ninguém se importe com ele. Está sempre na selva, é bom com coisas afiadas, se dá melhor com animais do que com pessoas e...É o melhor naquilo que faz.

Kate: Ok. Esta é difícil. A Kate é uma espécie de Beth Davis amazona. Ou seja, um misto de mulher meiga, mas 'foderosa' (em toda acepção da palavra). O mais legal é que na vida real, ela é namorada do Charlie. Ou seja, mesmo fora na ficção você tem chance, seu nerd com cara de hobbit!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Sobrecarga: o fim

Soube essa semana...O Sobrecarga está com os dias contados. E fica esse enorme vazio...O site foi onde estreei uma coluna e onde pude exercitar o meu (parco) conhecimento sobre cinema e cultura pop.

:-(

Milagres acontecem

E por algum deles, este blog voltou ao normal.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Segredos não se contam em blogs

É o que alguma pessoa precisa dizer para a atriz Leandra Leal. Falar mal de novela, colega e afins, mesmo que em blog, é errado. Se for fazer, ao menos faça o possível para não revelar os nomes.

Inclusive o seu, pessoa pública.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

adeus rosinha

Photobucket - Video and Image Hosting


E não volte mais.

terça-feira, janeiro 02, 2007

A carne e os ossos de Renato Russo

(*) Publicado originalmente no Sobrecarga

A primeira banda que comecei a gostar na vida foi Legião Urbana. O termo em latim Urbano Legio Omnia Vincit (Legião Urbana Vence Tudo) foi uma das primeiras assinaturas no meu e-mail e até hoje conservo uma frase de Renato Russo como assinatura: E nossa história não ficará pelo avesso assim, sem final feliz. Teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver. Temos muito ainda por fazer. Não olhe pra trás. Apenas começamos. O mundo começa agora. Apenas começamos.... E eu também comecei...Comecei a escrever poesias e contos após ouvir o cd O Descobrimento do Brasil que ainda considero o melhor cd da banda (curiosamente, um dos menos comentados) e um dos maiores do rock brasileiro. Então, inegavelmente, Renato Russo é uma figura fundamental na minha vida profissional e artística.

Todo o parágrafo acima pode dar a falsa impressão de que este será um texto louvando o imortal cantor e celebrando o enésimo zilionézimo “tributo” que o Multishow patrocina esta noite para o vocalista. Nada mais errado.

Me impressiona que Renato Russo não conte do mesmo descanso que Cazuza e Raul Seixas têm. A banalização em torno do nome do líder da Legião Urbana é enorme. A ponto de Alexandre Pires e Ivete Sangalo já prestarem “homenagens” ao poeta no Domingão do Faustão (“tira o pé do chão”) e a figura obviamente punk chamada Luciano (aquele do filme, lembra?) prestar depoimento sobre o cantor. A carne e os ossos de Renato Russo (leia-se: suas letras e sua história) são hoje a cada ano combustível para mais apelações e “especiais” sobre um dos maiores letristas do rock brasileiro (comparável apenas a Cazuza e Raul Seixas).

Ao invés de respeito e homenagens pertinentes, a cada ano, temos mais exploração em torno da imagem de messias (que o próprio Renato sempre detestou) e voz de uma geração (como se o seu trabalho não fosse imortal e, por isso mesmo, tão comercialmente explorado). Assim como Kurt Cobain, o número de regravações e explorações em cima do cantor aproximam-se cada vez mais do termo incontável. O Biquíni Cavadão ressuscitou uma obscura gravação da insossa canção Múmias com a voz de Renato Russo e membros do Capital Inicial pretendem lançar músicas do Aborto Elétrico, grupo que juntava membros do Capital Inicial com o próprio Renato Russo antes de fundar a Legião Urbana, ou seja, regravarão músicas de uma banda que o próprio cantor deixou. Vale tudo para pegar mais um naco de pele, mais um pedacinho do mito que produtores e outros empresários musicais consideram como uma mina de ouro.

Só que não é mina de ouro não...É um artista que merece respeito e deve ser lembrado não com tributos de nomes como Charlie Brown Jr. (ainda bem que Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, remanescentes da Legião, se recusam a tocar ou poderiam receber um soco do vocalista Chorão), Vanessa da Matta (um grande “expoente” do rock brasileiro, sem dúvida) e Detonautas (uma espécie de “heavy CPM 22”), mas em homenagens pertinentes e por gente que realmente participou da história da banda ou foi influenciado por ela. Não por “artistas” que surgiram ontem e busca um pouquinho da glória de um artista que morreu e deve descansar em paz.

Lembro que no último CD da banda, o ótimo Uma Outra Estação uma das minhas músicas favoritas era Marcianos Invadem a Terra, que será a penúltima música do tal tributo do Multishow hoje, cantada por Dinho Ouro Preto (ex-Aborto Elétrico). É uma ironia ímpar, afinal de contas, a música (pouco lembrada pela maior parte dos fãs) resume muito bem o que o próprio Renato diria de todo esse canibalismo cultural:

“Ora se você
quiser se divertir
invente suas próprias
canções”